Perspectivas para a ciência em 2013

Na astronomia e em outras áreas... 


O brilho do Big Bang

Uma das incríveis imagens do ano pode ser fornecida pelo cometa ISON, que passará perto do Sol em novembro e que pode ser mais brilhante que a lua cheia, já que sua superfície evapora no espaço. Tão espetacular quanto isso será o mapa do tênue brilho [afterglow] do Big Bang obtido pelo telescópio espacial Planck, que poderia revelar até mesmo rugas de ondas gravitacionais geradas durante um período inicial da ‘inflação’ cósmica. Em outras missões, a sonda LADEE da NASA orbitará a lua para estudar a poeira lunar; a missão MAVEN será lançada para explorar a atmosfera superior de Marte; e o jipe Curiosity continuará a transmitir resultados da superfície do planeta vermelho. De volta à Terra, o massivo Atacama Large Millimiter/Submillimiter Array, de 66 antenas, será completado.


Testes com células-tronco

Resultados excepcionais de um teste clínico em estágio inicial usando células-tronco embrionárias humanas (hESCs, em inglês) devem aparecer neste ano. A empresa de biotecnologia Advanced Cell Technology de Santa Monica, na Califórnia, está injetando células retinais derivadas de hESCs nos olhos de aproximadamente 30 pessoas com duas formas de cegueira degenerativa sem tratamento. Essa é a única empresa testando terapias de hESC com a aprovação da U.S. Food and Drug Administration (FDA) atualmente, e ela espera receber luz verde para testar células-tronco induzidas a partir de células humanas adultas em pacientes durante o ano.

Controvérsia sobre diagnósticos

A American Psychiatric Association publicará a quinta edição de seu Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5) em maio, a primeira grande atualização do guia padrão de referência para diagnosticar doenças mentais em 19 anos. Isso levará a mudanças controversas em protocolos clínicos e de pesquisa, incluindo diagnósticos reestruturados para o autismo e o transtorno depressivo maior. Por ser um ‘documento vivo’, é provável que o DSM-5 tenha outras revisões.

Avaliação climática

Cientistas climáticos passaram anos preparando o quinto relatório de avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, em sua primeira atualização desde 2007. Parte desse relatório deve aparecer em setembro: as conclusões do Grupo de Trabalho I, que resume a ciência básica do aquecimento global. Nos Estados Unidos, a segunda avaliação do Programa de Pesquisa da Mudança Global detalhará os impactos nacionais da mudança climática.

Dieta, micróbios, e câncer

Cientistas desconfiam cada vez mais que nosso zoológico intestinal de micróbios pode ser o elo perdido entre dieta e doenças como o câncer. Um estudo no ano passado verificou uma conexão entre maior proporção da bactéria Escherichia coli e câncer colorretal em ratos com doença intestinal inflamatória (http://migre.me/cEegy) Neste ano, é provável que novos estudos elucidem o efeito de dietas no microbioma das vísceras e suas implicações para o risco de doença. Enquanto isso, a GlaxoSmithKline deve descobrir se a FDA vai aprovar seu tratamento para melanoma, o trametinib, possivelmente o primeiro de uma nova classe de compostos que inibe uma rota de regulação do crescimento celular sinalizada por cinase.

Procurando partículas

Depois de registros contraditórios de partículas de matéria escura em vários experimentos, o Large Underground Xenon Detector [LUX, ou Grande Detector Subterrâneo de Xenônio, em tradução aproximada], da Instalação de Pesquisa Subterrânea Sanford em Lead, na Dakota do Sul, poderá confirmar ou eliminar algumas das descobertas. O rei dos caçadores de partículas – o Grande Colisor de Hádrons, no CERN perto de Genebra – ficará desligado até 2015 para uma atualização que permitirá colisões mais poderosas, mas físicos continuarão a se debruçar sobre os dados coletados até agora em busca de pistas da supersimetria.

As profundezas

Dados começarão a fluir dos primeiros segmentos completos de uma rede de vigilância submarina gigante, a U.S. Ocean Observatories Initiative [Iniciativa de Observatórios Oceânicos dos Estados Unidos], que custará US$386 milhões para construir e que será completada em março de2015. Arede estará equipada para monitorar tudo, desde terremotos submarinos e efeitos da mudança climática na circulação oceânica, até ecossistemas mutáveis e química oceânica, além do ar e do leito oceânico em sete locais ao redor do globo. Enquanto isso, equipes britânicas, americanas e russas esperam encontrar que tipo de vida, se é que alguma, existe em três profundos lagos antárticos subglaciais.

Materiais mágicos

O hexaboreto de samário pode ser a próxima estrela da ciência de materiais, seguindo pistas do ano passado de que ele é um isolante topológico – conduzindo eletricidade em sua superfície, enquanto seu interior se comporta como isolante. O grafeno continuará uma grande celebridade, então espere uma inundação de relatórios sobre materiais correlatos, como o nitreto de boro, o dissulfeto de tântalo e outras camadas bidimensionais que podem ser empilhadas em camadas precisas.

Genes no tribunal

A Corte Suprema dos Estados Unidos poderá decidir vários casos com implicações científicas em 2013. ACorte reexaminará se genes são patenteáveis como parte de um processo de três anos considerando a validade de patentes da Myriad Genetics em Salt Lake City, Utah. A Suprema Corte também poderá decidir sobre um processo contra a empresa de sementes Monsanto, com sede em St. Louis, no Missouri, de um fazendeiro que quer plantar sementes colhidas em safras anteriores, geneticamente modificadas, em vez de comprar um novo estoque da empresa. E a corte considerará se companhias farmacêuticas de marca podem pagar a produtores de genéricos para que atrasem o lançamento de medicamentos genéricos.

Dinheiro para artigos científicos

Uma política do Reino Unido que exige que pesquisadores com financiamento público deixem seus resultados disponíveis gratuitamente entrará em vigor em abril. Outros países podem acompanhar a decisão: uma reunião do Conselho Global de Pesquisa deve discutir o assunto em maio. Muitos cientistas, porém, estarão mais preocupados com orçamentos uma vez que os Estados Unidos estão considerando cortes drásticos nos gastos, que poderiam entrar em vigor ainda este ano, e a Europa deve continuar debatendo os €80 bilhões (US$104 bilhões) propostos em financiamento para seu programa de pesquisa Horizon 2020, de 2014 a 2020.


Este artigo foi reproduzido com permissão da revista Nature. O artigo foi publicado pela primeira vez em 1º de janeiro de 2013. Richard Van Noorden.


Fonte: Scientific American Brasil
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